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28.3.07

Porque é que um mesmo eu tem tantos eus diferentes que no mais profundo acabam por ser só um?
Que complicação.
Que complicação na alternância de estados. Há vezes em que o sol brilha -sem queimar-, está tudo equilibrado dentro do ser. Há força pra levantar de manhã e começar energicamente um novo dia (mesmo que se tenha deitado tarde), com toda a vontade e confiança para fazer desse dia um dia feliz. Vezes em que se sente que se consegue tudo, que viver é bom, em que se dá graças pelo que se tem e em que não há receio de nada, porque se sabe que está tudo bem e que tudo vai acabar bem de qualquer maneira. Nada é demasiado importante para nos preocupar. Em harmonia com tudo e com todos, com a capacidade de sentir um amor fraterno por todas as pessoas e de sorrir apenas pelo efeito da beleza de uma flor.
Noutros dias, tudo é diferente.
O sol, lá fora, até pode brilhar...mas está tudo fora de nós. Que sentido faz passar o dia a trabalhar? Apetece somente dormir um sono imenso, e pesadelo é ter que levantar. Um imenso estado de letargia e sensibilidade. Está tudo indefinido em redor, e alguma agonia, angústia, nostalgia, melancolia tomam o ser de assalto, provocando uma retracção da qual não se quer sair. Só fugir, esconder.Fechar. Os olhos e a alma pesados. Não há confiança, sente-se uma incapacidade pra fazer da nossa vida, vida, e só dá pra ficar à deriva. Com medo. E neste estado, as pessoas à volta vão sofrer de uma maneira ou de outra. E ainda sofremos mais por fazê-las sofrer.
E às vezes basta tão pouco para transformar um estado, noutro.
Uma palavra, um gesto, um sorriso? Um abrir e deixar as retracções de fora, ser autêntico, deixar de ter medo de mostrar, de aproximar? Mas não poderá isso mesmo também ser o desencadeador de um estado difícil para quem se dá? Não será um ciclo? Valerá a pena arriscar?

Quase há um ano atrás, tinha começado o dia cheia de força, a sair prá rua de sorriso no rosto e vontade de dizer bom dia a toda a gente. A notícia má e surpreendente chegou-me ainda na rua, como resposta ao meu bom dia sorridente. E logo ali, o equilíbrio abala-se, a complexidade do estado de alma aumenta, e nem se sabe bem como se sente. Mas, visto agora de longe, ter começado o dia com essa atitude, penso ter-me ajudado a encarar a situação. Não seria Alguém a querer dizer-me que esse "ficar forte" tem de ser manter em qualquer situação, por mais assustadora que possa ser para um frágil humano? Essa serenidade que vem dEle e que devia ser contínua.

Os sentimentos são uma coisa muito própria, pessoais e intransmissíveis. Não existe um espelho capaz de os reflectir como são sentidos. As pessoas são todas diferentes, e este cenário de estados de alma, de sentimentos...não afecta todos de igual modo. As maneiras de sentir são diferentes, como diferentes são as formas de sentir da parte masculina e feminina. Bom era se eu conseguisse em alguns sentires, em algumas formas de encarar as coisas, ser mais semelhante ao protótipo masculino. O inverso também seria favorável. Mas nesse caso seríamos seres perfeitos.

3 Comments:

Blogger Susana Miguel said...

entendo e calo-me nas tuas palavras.

gotinha de chuva,
deixo o meu abraço.

30 março, 2007 02:03  
Blogger Unknown said...

N fundo, no fundo, é isso mesmo... não são dois 'eus' mas apenas um... que se revela de forma diferente mediante as circunstâncias, os estímulos que recebemos, o nosso estado de espírito, as nossas certezas e convicções... tudo isto é gerido pelo mesmo 'eu' pelo mesmo 'tu'.
Esta antítese de estados faz parte do próprio crescimento. Quando eras pequena talvez ainda sentisses mais essa diferença, apesar de na altura não te aperceberes desta complexidade do ser.
À medida que vamos fazendo caminho, vamos percebendo que cada vez menos faz sentido deambularmos pelos diferentes estados e reagirmos aos diferentes estímulos, sensoriais, emocionais,... e darmos cada vez maior importância ao nosso pensar, ao nosso agir, numa coerência inabalável pelas condicionantes que nos rodeiam. É claro que não se atinge o estado pleno e que mesmo encontrar um equilíbrio exige esforço, exige silêncio, compreensão, aceitação, mas tudo isso, afinal, é crescer.
Nesta diversidade de 'sentires' diferentes e na partilha que pode existir é que faz sentido sermos pessoas... se não, para que raio nos relacionávamos?... Não creio que fosse isso a perfeição...

um beijinho

31 março, 2007 02:00  
Blogger Fátima F said...

querida aida, o abraço é recíproco.

o pior é que esse estado não é fácil de atingir...não depende somente da vontade.
muita dessa capacidade é mais ou menos conseguida conforme as características da pessoa. e vocês, nisso parece-me que têm maior facilidade.
e depois há uma quantidade de substâncias a circular-nos no sangue que nos deixam sem poder.

02 abril, 2007 22:31  

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