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20.4.07


É o passo mais assustador a que uma pessoa pode chegar...e tu deste-o.
Não te conhecia...provavelmente já teria passado por ti, já te teria visto por aí, olhado para o teu rosto...mas sinceramente agora que te olho na foto, não te consigo reconhecer.
Ouvi tanta coisa já. Não sei se são verdade ou mentira. Não importa. Agora já nada importa não é? Terminaste com tudo o que importava.
O que é que estava assim tão errado, meu querido irmão?
A tua vida não pode ter sido fácil. Eu sei. Não sei, mas dou-me a liberdade de imaginar...
Não tens culpa das circunstâncias da tua vida, meu querido irmão. Não tens culpa do ambiente em que cresceste nem dos pais que tiveste.
Crescer a ver um pai regredir sob o peso de uma doença que o leva a um estado tão desagradável, não é coisa que todos saibam quanto custa. E tu ainda tiveste que viver com a angústia de pensar se virias a sofrer do mesmo.
Ter uma mãe com comportamentos e atitudes tão pouco dignas deve ter-te custado muito. Viver com isso todos os dias...sozinho. Sozinho sem irmãos, e agora sozinho sem o pai, que viste partir ainda não há 1 ano.
Eu não sei, amigo...não sei mesmo nada. Mas agora que fizeste isto, não consigo deixar de evitar tentar imaginar o que sentirias.

Olho para esta foto que publicaram no anúncio do teu funeral, e és um rapaz bonito de 20 anos feitos há uma semana. Quem olha para uma pessoa não consegue ver nada que vai dentro dela.
Espero que o boato de que tinhas ido tentar falar com o padre e ele não teve tempo para te atender, seja mentira.
Não te conhecia mas ia em breve conhecer. Vinhas na semana seguinte trabalhar pra lá.
Que hei-de eu dizer-te, meu querido irmão? Ninguém te ligou verdadeiramente? Ninguém te deu atenção? Procuro pensar no que ia por dentro de ti. Mas sei que não consigo.
Eu que não te conhecia sinto assim. Para aqueles que te conheciam, é ainda mais difícil apreender...a realidade. A realidade daquela noite de terça-feira, em que decidiste pendurar uma corda ao pescoço e acabar com a tua vida. Abandonar o teu corpo e tudo o que conhecias.
Quão sofrida deve ter sido a tua vida, meu querido irmão.
Sinto tanto.
Desejo que estejas bem.

Em memória de ti, Cristóvão.
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